Ser invisível é sofrer a
indiferença, é não ter importância. Essa maneira de discriminação está cada vez
mais inserida na sociedade.
A
questão da invisibilidade pública vem sempre acompanhada da humilhação social.
É um preconceito ancestral e repetitivo. Um sofrimento que no caso brasileiro e
várias gerações atrás, começou por golpes de espoliação e servidão que caíram
pesados sobre nativos e africanos, depois sobre imigrantes baixo assalariados:
a violação da terra, a perda de bens, a ofensa contra crenças, ritos e festas,
o trabalho forçado, a dominação nos engenhos ou depois nas fazendas e nas
fábricas. A violência material e simbólica feriu e marcou a alma de muitos descendentes
de índios e negros escravizados. Infestou o sentimento, a imaginação e a
lembrança dos pobres. São golpes agora transferidos, sob novas formas e menos
evidentes, camuflados pela hipocrisia.
Essa invisibilidade, caracteriza a vida de muitos profissionais, assim como trabalhadoras
domésticas, garis, porteiros, trabalhadores ambulantes, diaristas, faxineiros,
coveiros, bilheteiros, e entre muitos outros que deixaram de ser vistos com
dignidade pela sociedade. Sua subjetividade é totalmente ignorada e, mais do
que isso, a própria humanidade dessas pessoas, deixa, assim, de ser
reconhecida.
“A experiência de um
ser humilhado fere a percepção de si mesmo, fere a estima por si próprio.
[...]” (COSTA, 2004, p.211).
A invisibilidade social
já está cotidianamente estabelecida e a sociedade acostumou-se a ela. Passar
por um pedinte na rua ou não dar sequer um “bom dia” a um Gari em uma esquina é
algo corriqueiro na vida social. A realidade é evidente: dura
e fria. Aceitar
isso é violar os direitos humanos. Essa invisibilidade provoca sentimentos de
desprezo e humilhação em indivíduos que com ela convivem. Lutar contra, ainda é
um desafio. Pessoas assim como Fernando sabem a dificuldade que é tratar desse
assunto, a delicadeza desse tema que reflete na vida de muitos brasileiros.
É preciso não só ver
esses invisíveis, mas é necessário olhar para eles e sentir junto com eles. A paisagem brasileira deve ser observada através de outra
perspectiva. Olhar voltado para além das vassouras e pás, para lado de
fora de calçadas e ruas, por trás de cada tijolo e massa de concreto carregado,
vê além de cada faxina. Afinal, nenhum ser
humano pode se julgar melhor do que o outro.
Leiam este livro:
COSTA, Fernando
Braga da - Homens invisíveis: relatos de uma
humilhação social -
São Paulo: Editora Globo, 2004.
Garanto que terão outra visão sobre o assunto após a leitura. Obrigada.
Aline Carvalho ♥
Aline Carvalho ♥
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