quinta-feira, 11 de julho de 2013

Invisibilidade Social: Outra forma de preconceito

Ser invisível é sofrer a indiferença, é não ter importância. Essa maneira de discriminação está cada vez mais inserida na sociedade. 


A questão da invisibilidade pública vem sempre acompanhada da humilhação social. É um preconceito ancestral e repetitivo. Um sofrimento que no caso brasileiro e várias gerações atrás, começou por golpes de espoliação e servidão que caíram pesados sobre nativos e africanos, depois sobre imigrantes baixo assalariados: a violação da terra, a perda de bens, a ofensa contra crenças, ritos e festas, o trabalho forçado, a dominação nos engenhos ou depois nas fazendas e nas fábricas. A violência material e simbólica feriu e marcou a alma de muitos descendentes de índios e negros escravizados. Infestou o sentimento, a imaginação e a lembrança dos pobres. São golpes agora transferidos, sob novas formas e menos evidentes, camuflados pela hipocrisia. 
Essa invisibilidade, caracteriza a vida de muitos profissionais, assim como trabalhadoras domésticas, garis, porteiros, trabalhadores ambulantes, diaristas, faxineiros, coveiros, bilheteiros, e entre muitos outros que deixaram de ser vistos com dignidade pela sociedade. Sua subjetividade é totalmente ignorada e, mais do que isso, a própria humanidade dessas pessoas, deixa, assim, de ser reconhecida.
“A experiência de um ser humilhado fere a percepção de si mesmo, fere a estima por si próprio. [...]” (COSTA, 2004, p.211).
A invisibilidade social já está cotidianamente estabelecida e a sociedade acostumou-se a ela. Passar por um pedinte na rua ou não dar sequer um “bom dia” a um Gari em uma esquina é algo corriqueiro na vida social. A realidade é evidente: dura e fria. Aceitar isso é violar os direitos humanos. Essa invisibilidade provoca sentimentos de desprezo e humilhação em indivíduos que com ela convivem. Lutar contra, ainda é um desafio. Pessoas assim como Fernando sabem a dificuldade que é tratar desse assunto, a delicadeza desse tema que reflete na vida de muitos brasileiros.
É preciso não só ver esses invisíveis, mas é necessário olhar para eles e sentir junto com eles. A paisagem brasileira deve ser observada através de outra perspectiva. Olhar voltado para além das vassouras e pás, para lado de fora de calçadas e ruas, por trás de cada tijolo e massa de concreto carregado, vê além de cada faxina. Afinal, nenhum ser humano pode se julgar melhor do que o outro.

Leiam este livro: 

COSTA, Fernando Braga da - Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social - São Paulo: Editora Globo, 2004. 


Garanto que terão outra visão sobre o assunto após a leitura. Obrigada.

Aline Carvalho 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então clique no ícone do G+, ou se preferir curta a postagem.
Muito obrigada! Sua divulgação faz o blog crescer e melhorar!!